Os trabalhos recentes de Elizabeth Dorazio sugerem movimentos permanentes na inter-relação dinâmica das partes que agregam de modo coeso e vibrante. Durante muitos anos, a artista trabalhou formas e materiais diversos para articular conjuntos inquietantes – sistemas de formas que interagem e influenciam a condição de outros sistemas e, portanto, de ação mútua. São quase galáxias, geografias que abarcam amplos espaços. Na série Symphoniae, desenvolvida recentemente, Elizabeth articulou as formas como se tratassem de grandes massas sonoras como na obra “Cosmos” na qual se expressam de modo harmônico e sem descontinuidade. Contudo, em outros trabalhos, por exemplo nas obras “Hidrae” ou “Antliae”, o conjunto foi construído através de ritmos variados e de riqueza melódica, todavia sem perder a conciliação dos timbres – a eufonia. Nesse processo, de metáforas sonoras, Elizabeth criou também partituras assimétricas cuja riqueza se dá na descontinuidade, mas com a amarração de objetos singulares e diferentes através de um condão como nas obras “Farham” ou “Nena”. Vale ressaltar outro aspecto significativo, ao se apropriar de materiais trançados e construídos por outras mãos, Elizabeth incorporou na sua obra outras vozes que apesar de sussurrantes, ainda cantam suas memórias.
Fabio Magalhães
Diretor, Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba