O povo da Península Árabe tem uma tradição oral muito rica, e mesmos eventos relevantes da história deste povo, nunca foram registrados, apenas guardados na memória e transmitidos oralmente de geração para geração. Assim, eles tecem juntos uma colorida trama que contém todas as histórias do passado. Desde quando me mudei para os Emirados Árabes, tenho frequentado centros de artesanato para ter um contato próximo com as pessoas locais, conhecer suas tradições, história, legado. Apesar de ainda não saber a língua árabe, tenho me aproximado e envolvido com esta cultura, mesmo que seja de formas mais sutis de comunicação. Enquanto as artesãs tecem e contam suas histórias, eu me assento junto a elas e escuto. Elas recitam poemas, narram acontecimentos da própria vida, da vida dos antepassados, do passado, lendas, talvez até inteiras jornadas dos beduínos. Imagino que falam também sobre enigmas, duvidas, acontecimentos, sobre as diferentes visões de mundo, sobre seus ancestrais, os beduínos, como viviam, suas viagens através do deserto seguindo apenas a direção do vento e as estrelas, guiados pelos mapas celestiais, procurando seguir o caminho certo para alcançar o destino final.
Penso que seria exatamente como nossa jornada através da vida, tentando visualizar nossa localização geográfica e a partir daí, decidir como alcançar o destino certo, procurando, tateando o caminho ao longo da trajetória, tentando entender a razão da nossa existência, buscando as respostas a todas as perguntas sobre a vida, sobre a existência humana. No meu ateliê componho com “Khous”, (espirais de vários tamanhos feitas de folha seca da tamareira tecidas pelas artesãs), e com pintura, têmpera s/ papel.)
Meu objetivo é que através da minha experiência como artista e percurso por outras culturas possa através desse trabalho encontrar algo em comum, apesar das diferenças e, assim, para apresentar de uma forma mais ampla para o público.
Elizabeth Dorazio