Nos planos de acrílico sobrepostos em camadas, partes de um organismo apresentam-se como se estivessem em lâminas para microscópio. O observador penetra no interior desse organismo, composto de diferentes camadas de folhas com desenhos a lápis, apoiadas numa base de espuma, e que ao olhar se torna um todo unitário.
O olhar recai nesse fundo de espuma com grandes poros, que na sua estrutura e cor lembram uma pele. Folhas sintéticas leitosas se sobrepõem em camadas soltas multidimensionais que indicam aberturas recortadas. Os finos desenhos a lápis, os detalhes da forma e a estrutura orgânico-anatômica dão a impressão de uma vida interna à parte e oculta. A obra preserva a expressão artística da vitalidade de um organismo por meio de um caráter polimórfico, a saber, podendo se desconstruir e se reconstruir infinitamente, ou reordenar e alocar novamente as camadas de folhas separadas para ganhar então uma nova e detalhada observação sobre a vida em sua estrutura orgânica. Organum dá ao jogo sempre variável do teclado da vida, em suas dimensões de profundidade de uma composição organicamente crescente, um modo de expressão artística.
Marie Christiane Seiferth
Pesquisadora/Filosofia-Teologia